Alianças de peso podem representar um grande salto na busca pelo desenvolvimento sustentável. A parceria firmada entre o ISI Biomassa (Instituto Senai de Inovação em Biomassa), de Três Lagoas (MS), a empresa de biotecnologia, Solubio, e a empresa brasileira de cosméticos Natura carrega essa potência, impactando de forma positiva no meio ambiente, na realidade de comunidades locais e na criação de produtos em sintonia com novas práticas de consumo.
Trata-se da primeira pesquisa realizada entre os parceiros que tem como desafio a produção local (on farm) de insumos biológicos para sistemas biodiversos, como o Sistema Agroflorestal (SAF) com Dendê. O insumo, que dá origem ao também chamado de óleo de palma, está presente não só na formulação de cosméticos, mas também na composição de 50% dos produtos de diversos segmentos da indústria vendidos no supermercado.
Para o gerente do ISI Biomassa, João Gabriel Marini, o estudo contribui para a diversificação de trabalhos realizados pela instituição. “O projeto Dêfarm vem consolidar a competência do instituto no desenvolvimento de produtos e processos para as mais diversas culturas do agronegócio, além de fortalecer a parceria com a Natura e Solubio”.
De acordo com a pesquisadora do ISI Biomassa, Jéssica Medina Gallardo, a pretensão é aplicar o uso de biológicos (microrganismos) para alcançar níveis de produtividade ainda maiores. “O ISI Biomassa irá validar o uso de diversos microrganismos com ação benéfica para o desenvolvimento da agrofloresta. Isto é, contribuir com o aumento da fertilidade do solo e resiliência de diversas espécies do SAF, como dendê, açaí e cacau, por meio do uso de bioinoculantes, aumentando o impacto positivo desse sistema produtivo”, explica.
A iniciativa se soma ao projeto da Natura de cultivo sustentável do dendê a partir do primeiro sistema agroflorestal dessa oleaginosa no mundo, o SAF Dendê. Localizado em Tomé-Açu, no Pará, o SAF foi implantado pela empresa em 2008 em parceria com a Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta), a Embrapa Amazônia Oriental (CPATU) e Embrapa Amazônia Ocidental (CPAA).
O grande diferencial do projeto liderado pela Natura é o cultivo do dendê com diversas espécies frutíferas, adubadeiras e madeireiras, gerando diversidade de renda para o agricultor e muitos serviços ambientais. “O uso de leguminosas (adubadeiras) e biocaldas (biofertilizantes) são práticas agroecológicas adotadas no manejo do sistema que contribuíram para o aumento da biodiversidade e melhoria da qualidade do solo ao longo do tempo”, explica Débora Castellani, gerente científica da Natura.
“Para expansão do SAF Dendê, estamos buscando novas tecnológicas sustentáveis e processos de baixo carbono que possam contribuir para escalabilidade do sistema e reduzir o uso de insumos externos”, acrescenta. O plano é produzir os bioinoculantes no próprio local de aplicação utilizando a nova tecnologia pertencente à empresa Solubio.
Produção OnFarm
A produção OnFarm, também conhecida como “produção dentro da própria fazenda”, consiste na multiplicação de microrganismos em sistemas fechados (biofábricas) dentro da propriedade para uso na agricultura.
Conforme Jéssica Gallardo, esses insumos biológicos ou bioinsumos são considerados essenciais no controle de pragas e doenças de culturas e também como biofertilizantes. “Com essa tecnologia espera-se que a logística de transporte e armazenamento dos biológicos seja favorecida em regiões do país de difícil acesso”, sinaliza.
A utilização de produtos de base biológica contribui para a redução de emissão de gases de efeito estufa. Além disso, o projeto busca gerar um desenvolvimento tecnológico inovador e tem caráter social, pois irá beneficiar todos as cooperativas envolvidas no cultivo do SAF Dendê em Tomé-Açu.
Comprometidos com a preservação ambiental
A busca constante por inovação a favor de práticas mais sustentáveis é a característica que une os parceiros deste projeto. Funcionado desde 2014, o ISI Biomassa conta com pesquisadores de alto nível de qualificação e laboratórios que somam mais de R$ 40 milhões em investimento.
A unidade faz parte de uma rede de 28 Institutos Senai de Inovação no Brasil, sendo habilitado para atuar em cinco frentes: Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, Energia e Sustentabilidade, Bioeconomia Circular, Biomateriais e Bioprodutos e Tecnologias de Descarbonização.
Gigante do setor de cosméticos, a Natura é pioneira na adoção de ações de conservação e regeneração ambiental. A empresa foi pioneira ao estabelecer um modelo de negócio baseado na bioeconomia da sociobiodiversidade que contribui para conservar 2 milhões de hectares de floresta amazônica. Atualmente, a companhia se relaciona com 10.636 famílias, distribuídas em 48 comunidades em todo Brasil e na América Hispânica - sendo 41 delas concentradas na Pan-Amazônia - e dispõe de 42 ingredientes da sociobiodiversidade amazônica, também conhecidos como bioativos. A Natura também é uma empresa carbono neutro desde 2007 e tem o objetivo de zerar as emissões líquidas de carbono até 2030.
A experiência da Natura vem, nesse projeto, se associar às soluções inovadoras da SoluBio. Criada em 2016, a empresa de biotecnologia busca levar aos clientes alternativas mais sustentáveis e econômicas na atividade rural. Através da SoluBio Experience, a empresa oferece uma solução completa para a produção de bioinsumos na fazenda (OnFarm) com tecnologia integrada com padrão industrial, todos os equipamentos, insumos, controle de qualidade, treinamento e assistência técnica.
A SoluBio possui a mais moderna fábrica de bioinsumos da América Latina e está presente em grande parte do território nacional, além de ser comprometida com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.